Poetisa e professora de Literatura Brasileira, Ana dos Santos é gaúcha de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Participa do sarau negro Sopapo Poético, onde também é contadora de histórias no Sopapinho. Iniciou na poesia vendendo poemas na noite boêmia da Lapa e Santa Tereza – RJ, onde também fazia performances poéticas com o “Circo Beat” (2000). Colou poemas nas ruas de várias cidades brasileiras. Participou com outros poetas e fotógrafos brasileiros da obra “Brazil by night” - SP (2008). Tem publicações no Livro da Tribo (2011), Cadernos do Instituto de Letras – UFRGS (2003), duas antologias poéticas (Águia – Prosa e Verso/2009 e Sopapo Poético/2015) e ganhou o concurso Ministério da Poesia.
Entrevista
1. Como a literatura entrou em sua vida?
Pelas mãos da minha mãe. Ela me alfabetizou em casa e sempre me presenteou com livros, sempre me levava à Feira do Livro. Na escola, a biblioteca era um dos meus locais preferidos, meu mundo da imaginação.
2. Quais os primeiros livros que você lembra ter lido?
Os livros de poesia infantil do Mário Quintana. Eu lia em voz alta e por causa das rimas, criava uma musiquinha, não sabia o que era poesia, mas já gostava da musicalidade. "O Pequeno Príncipe" também me marcou. Até que na adolescência fui ler o Machado de Assis para o vestibular e deu-se a paixão! Aquele estilo de escrita ia ao encontro dos meus pensamentos. Virei uma leitora voraz!
3. Quais os escritores que te inspiraram?
Então, eu comecei a escrever diário desde os 9 anos e nunca mais parei. Um dia precisei me desfazer de alguns e antes de jogar fora, recolhi vários poemas esparsos. Nascia meu primeiro livro! A minha inspiração? Paixões e amores não correspondidos, questões filosóficas e música! Sim, os músicos me inspiram tanto quanto os escritores. Mas, duas escritoras me influenciaram por um bom tempo: Clarice Lispector e Elisa Lucinda. Dos escritores eu destaco o Fernando Pessoa e Guimarães Rosa, eu gosto muito da nossa literatura e da nossa língua!
4. Quando escreve, faz pensando em algum público específico?
O primeiro conselho literário que recebi é um parâmetro para mim. Um amigo, que é um ótimo leitor me disse: tente não ser tão confessional e seja mais universal. Então, penso que estou sempre partilhando minhas emoções e pensamentos, e a forma como isso se dá tem que ser clara, concisa e que toque o coração do meu leitor, ou que o faça pensar. O público que gosta de poesia tem uma sensibilidade e abertura para esse gênero, então é para os amantes da poesia que escrevo.
5. No Brasil, nós poderíamos falar que existe uma cultura negra? Comente.
Sim, nós temos uma cultura negra, até porque, nós, negros, somos 51% da população brasileira. A cultura negra está em África e em toda a diáspora africana, nos quatro cantos do mundo, até na China! (pasme!) Aqui no Brasil, enquanto estávamos escravizados, cultivamos nossa cultura escondida e camuflada, no modo operandis do trabalho, na organização familiar, no valor da coletividade, na culinária, na religião e na luta pela liberdade. Depois do cativeiro, a luta pela igualdade e respeito é o que une hoje o povo negro no Brasil. Já a cultura, foi misturada com o nativo indígena e os colonizadores brancos. Somos uma miscigenação, mas não podemos fugir da nossa etnia, já cantava Chico Science!
6. Para você existe uma Literatura Afro-brasileira? Por quê?
Sim, existe uma Literatura que só o negro, o "afro-brasileiro" pode escrever: a vivência da pele. A vivência da exclusão, da pobreza, do racismo. Essa classificação deve se pautar pelo protagonismo: quem está escrevendo é um escritor negro ou uma escritora negra. Ele pode falar sobre essa "escrevivência" como diz Conceição Evaristo. Mas, ao meu ver, ele também pode falar de outros temas universais, comuns ao viver humano. E eu também acho que o escritor branco que escreve sobre a cultura negra, está fazendo Literatura de temática negra, mas não "Literatura Afro-brasileira".
Entrevista
1. Como a literatura entrou em sua vida?
Pelas mãos da minha mãe. Ela me alfabetizou em casa e sempre me presenteou com livros, sempre me levava à Feira do Livro. Na escola, a biblioteca era um dos meus locais preferidos, meu mundo da imaginação.
2. Quais os primeiros livros que você lembra ter lido?
Os livros de poesia infantil do Mário Quintana. Eu lia em voz alta e por causa das rimas, criava uma musiquinha, não sabia o que era poesia, mas já gostava da musicalidade. "O Pequeno Príncipe" também me marcou. Até que na adolescência fui ler o Machado de Assis para o vestibular e deu-se a paixão! Aquele estilo de escrita ia ao encontro dos meus pensamentos. Virei uma leitora voraz!
3. Quais os escritores que te inspiraram?
Então, eu comecei a escrever diário desde os 9 anos e nunca mais parei. Um dia precisei me desfazer de alguns e antes de jogar fora, recolhi vários poemas esparsos. Nascia meu primeiro livro! A minha inspiração? Paixões e amores não correspondidos, questões filosóficas e música! Sim, os músicos me inspiram tanto quanto os escritores. Mas, duas escritoras me influenciaram por um bom tempo: Clarice Lispector e Elisa Lucinda. Dos escritores eu destaco o Fernando Pessoa e Guimarães Rosa, eu gosto muito da nossa literatura e da nossa língua!
4. Quando escreve, faz pensando em algum público específico?
O primeiro conselho literário que recebi é um parâmetro para mim. Um amigo, que é um ótimo leitor me disse: tente não ser tão confessional e seja mais universal. Então, penso que estou sempre partilhando minhas emoções e pensamentos, e a forma como isso se dá tem que ser clara, concisa e que toque o coração do meu leitor, ou que o faça pensar. O público que gosta de poesia tem uma sensibilidade e abertura para esse gênero, então é para os amantes da poesia que escrevo.
5. No Brasil, nós poderíamos falar que existe uma cultura negra? Comente.
Sim, nós temos uma cultura negra, até porque, nós, negros, somos 51% da população brasileira. A cultura negra está em África e em toda a diáspora africana, nos quatro cantos do mundo, até na China! (pasme!) Aqui no Brasil, enquanto estávamos escravizados, cultivamos nossa cultura escondida e camuflada, no modo operandis do trabalho, na organização familiar, no valor da coletividade, na culinária, na religião e na luta pela liberdade. Depois do cativeiro, a luta pela igualdade e respeito é o que une hoje o povo negro no Brasil. Já a cultura, foi misturada com o nativo indígena e os colonizadores brancos. Somos uma miscigenação, mas não podemos fugir da nossa etnia, já cantava Chico Science!
6. Para você existe uma Literatura Afro-brasileira? Por quê?
Ana no I Encontro de Escritores Negros do RS |
Sim, existe uma Literatura que só o negro, o "afro-brasileiro" pode escrever: a vivência da pele. A vivência da exclusão, da pobreza, do racismo. Essa classificação deve se pautar pelo protagonismo: quem está escrevendo é um escritor negro ou uma escritora negra. Ele pode falar sobre essa "escrevivência" como diz Conceição Evaristo. Mas, ao meu ver, ele também pode falar de outros temas universais, comuns ao viver humano. E eu também acho que o escritor branco que escreve sobre a cultura negra, está fazendo Literatura de temática negra, mas não "Literatura Afro-brasileira".
Que privilégio participar desse blog! Recomendo a todos que se interessam pela Literatura Afro- brasileira, aqui esta um trabalho sério do professor Breno Lacerda!
ResponderExcluirObrigado, minha querida poetisa! Posso publicar aqui uma de tuas poesias! Me manda! Bj
ResponderExcluirLindo testemunho e maravilhosos poemas! Parabéns!!!
ResponderExcluirBoa Tarde Poetisa Ana Santos , gostaria de conhecer mais poesias suas , por isso gostaria de saber se tem Livros de poesia em livrarias . Conheci apenas uma Poesia sua e gostei muito , " Sou amante de Poesias, e gostaria de ter um livro seu ." Boa Tarde
ResponderExcluirOlá,entre na minha página do facebook: Ana Dos Santos - Poetisa estou vendendo lá!
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