Literaturas que valori-zam a diversidade étnica e cultural afro-brasileira e africana são uma ótima alternativa para abordar os conteúdos exigidos pela lei 10.639, que obriga o ensino da "História e Cultura afro-brasileira e africana" nas escolas de Ensino Fundamental e Médio das redes pública e privada de todo Brasil.
A literatura infantil é um elemento indispensável e muito importante no desenvolvimento da autoestima, cognitivo e social das crianças por que através das histórias elas se veem, relacionam os conflitos fictícios com os vividos por elas, trabalham oralidade, atenção, aprendem a fazer uma leitura de mundo e desenvolvem o gosto pelos livros.
A construção da identidade da criança é algo que vai passar inevitavelmente pelos referenciais que forem a ela apresentados. Neste aspecto, se destacam os brinquedos, os personagens de desenho animado e as histórias infantis. Há duas formas de as crianças entrarem em contato com estas histórias: uma, é através da oralidade e a outra através dos livros. Tanto em uma como em outra a criança vai deparar com os personagens principais, os heróis. O que encontramos nestas histórias são personagens de origem eurocêntrica. São sempre mocinhas brancas e frágeis esperando por príncipes, também brancos, que irão salvá-las.
As crianças crescem com a sensação de que os padrões do belo e do bom são aqueles com os quais se depararam nos livros infantis. As crianças brancas vão se identificar e pensar serem superiores às demais, vão estar em posição privilegiada em relação às outras etnias.
As crianças negras alimentarão a imagem de que são inferiores e inadequadas. Crescerão com essa ideia de branqueamento introjetada, achando que só serão aceitas se aproximarem-se dos referenciais estabelecidos pelos brancos. Rejeitando tudo aquilo que as assemelhe com o universo do negro.
Atualmente, os textos voltados para o público infanto-juvenil, buscam romper com as representações que inferiorizam os negros e sua cultura. As obras os retratam em situações comuns do cotidiano, enfrentando preconceitos, resgatando sua identidade e valorizando suas tradições religiosas, mitológicas e a oralidade africana.
Trabalhar a literatura infantil afro-brasileira, no contexto da sala de aula, contribuirá significativamente para romper com esse modelo educacional eurocêntrico e monocultural que privilegia apenas os saberes e a cultura europeia, ou seja, da cultura hegemônica.
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