textos

Oliveira, um negro dos pampas

Oliveira Silveira (1941-2009), poeta gaúcho e pesquisador das culturas negras e da história do negro brasileiro, propôs o 20 de novembro, data evocada pelo grupo Palmares em 1971, e hoje adotada como Dia Nacional da Consciência Negra.

O  nosso poeta  nasceu em Rosário do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, em 1941. Viveu em Porto Alegre. Publicou vários livros, dentre eles podemos destacar: GEMINOU (1962), POEMAS REGIONAIS ((1968), BANZO SAUDADE NEGRA(1970), DÉCIMA DO NEGRO PEÃO (1974), PELO ESCURO (1977).

Em seus poemas é notável o sentimento de pertença à literatura negra brasileira que se configura como literatura de resistência, ou seja, a que constrói com a matéria da cultura africana que sobreviveu na América em presença da cultura europeia e indígena.

TRANSMISSÃO

Querem que a gente saiba
que eles foram senhores
e nós fomos escravos.
Por isso te repito:
eles foram senhores
e nós fomos escravos.
Eu disse fomos.


O MURO

eu bato contra o muro
duro
esfolo minhas mãos no muro
tento longe o salto e pulo
dou nas paredes do muro
duro
não desisto de forçá-lo
hei de encontrar um furo
por onde ultrapassá-lo

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